História de Sorocaba

Em época anterior a Cabral, talvez passasse pelas atuais ruas de Sorocaba o “Peabiru”, um caminho ou talvez apenas um rumo, por onde transitavam os silvícolas e, bem mais tarde, os Bandeirantes e Missionários, em demanda do Sul e Oeste, com ramos que também se dirigiam ao litoral.

Por volta de 1589, Afonso Sardinha “O Velho”, seu filho homônimo conhecido como “O Moço” e o técnico em Minas, Clemente Álvares estiveram no morro Araçoiaba à procura de ouro. Encontrando minério de ferro, imediatamente comunicaram ao Governador Geral o achado. Em 1599, aqui esteve o Governador D. Francisco de Souza, levantando um pelourinho na nova Vila de Nossa Senhora de Monte Serrat e mandado mineiros explorarem os córregos, rios e montanhas da redondeza, em busca de ouro. Não o encontrando, após seis meses retirou-se D. Francisco, tendo início a decadência da Vila, que acabou por se mudar, por ordem do mesmo governador, em 1611, para Itapeboçu ou Itavuvu, ficando sob a invocação de São Felipe, em homenagem ao rei da Espanha. Também esta povoação teve vida efêmera.

Em 1654, O Capitão Baltazar Fernandes, já tendo construído a Igreja de Nossa Senhora da Ponte, atual Igreja de Sant’Ana, do Mosteiro de São Bento, e sua casa de moradia no Lajeado, para cá se mudou com familiares e escravatura, fundando novo povoado ao qual deu o nome de Sorocabadenominação essa que tem sua origem no Tupi-guarani, e significa terra (aba) fendida ou rasgada (çoro).

Para auxiliar o povoamento e motivar a vinda de novos habitantes para a localidade, doou a igreja e grande gleba de terras aos Beneditinos do Parnaíba, com a condição de que construíssem o convento e mantivessem escola para quem desejasse dedicar-se aos estudos.

Em 1661, estando o Governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides em São Paulo, Baltazar Fernandes rumou para lá, para encontrar-se com ele. Por iniciativa própria ou por recomendação dele, que era grande amigo da família, requereu a 2 de março a elevação de Sorocaba à categoria de Vila, conseguindo o despacho no dia seguinte, em que se permitia a mudança do pelourinho de Itavuvu para cá, com o nome de Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Também no mesmo dia 3 de março, foram nomeados os primeiros componentes da Câmara Municipal, juízes: Baltazar Fernandes e André de Zunéga; vereadores: Cláudio Furquim e Paschoal Leite Pais; procurador: Domingos Garcia e escrivão: Francisco Sanches.

Bandeirante que era o fundador, bandeirantes continuam os moradores de Sorocaba. Assim é que Paschoal Moraira Cabral, os irmãos Antunes Maciel, os Sutil de Oliveira, os Almeida Falcão e muitos outros, desbravaram primeiramente o sul do Brasil; mais tarde aprofundaram-se para o sul do Mato Grosso, Campos de Vacaria, onde montaram um entreposto para comerciar com os espanhóis e ponto de partida para explorações por toda a extensão das selvas amazônicas.

Em 1715, Paschoal Moreira Cabral parte com uma grande Bandeira para o Mato Grosso e, descobrindo ouro no rio Coxipó, afluente do rio Cuiabá, em 8 de abril de 1719, funda o Arraial de Nossa Senhora do Coxipó, que é mudado em 1722 para a atual localização de Cuiabá, após Miguel Sutil de Oliveira ter encontrado quantidades imensas de ouro nas próprias ruas da atual capital mato-grossense. Com isso, sorocabanos desbravaram para o Brasil um dos seus mais ricos Estados.

Em 1733, passa por Sorocaba a primeira tropa de muares, conduzida pelo Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, fundador do Rio Grande do Sul, inaugurando um novo ciclo histórico – o do Tropeirismo. Com o passar dos anos e o acréscimo do número de tropas, Sorocaba tornou-se sede das Feiras de Muares, reunindo-se aqui brasileiros de todos os quadrantes, a venderem ou comprarem animais e, ao mesmo tempo, ajudando a integração cultural dos vários rincões pátrios. A cidade, por força de sua situação geográfica privilegiada, transformou-se no eixo geo-econômico, entre as regiões norte e sul do Brasil: enquanto que o norte, a economia se baseava na mineração e na exploração das imensas reservas florestais, no sul, a motivação econômica era a produção de animais de carga e de corte, esta completando aquela.

A grande densidade demográfica, transitória na época das feiras de Muares, e principalmente o afluxo de gente endinheirada, ajudaram o desenvolvimento do comércio e da indústria caseira, ficando famosos no Brasil as facas e facões sorocabanos, e também as redes aqui tecidas. Também eram muito apreciados os doces e as peças de couro para montaria, havendo inúmeros ourives que se dedicavam exclusivamente a fabricar enfeites em ouro e prata para selas e arreios, estribos, cabos de chicotes e facas.

As importâncias arrecadadas no Registro de Animais, eram tão expressivas que o emprego mais cobiçado existente era justamente o de Diretor do Registro, por onde passavam homens ilustres, como o próprio Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar.

Com o desenvolvimento das Feiras e consequente crescimento da mão de obra especializada das indústrias caseiras, apareceram, logo em 1852, as primeiras tentativas fabris: a do algodão, de Manoel Lopes de Oliveira e a de seda, em teares fabricados pelo próprio pioneiro, Francisco de Paula Oliveira e Abreu. Ambas não passaram de ensaios, porquanto a de seda pereceu por falta de apoio financeiro e a de algodão, por causa da Guerra de Secessão Americana, que, privou as fábricas de tecidos ingleses da matéria-prima indispensável, elevando os preços a tal ponto que era mais vantajoso exportar o algodão para a Inglaterra a tecê-lo aqui. Com isso, pioneiramente, no Brasil, Sorocaba plantou o algodão herbáceo em substituição ao arbóreo, em grande quantidade, enviando-o em lombo de burro até Santos, de onde seguia para a Inglaterra.

As primeiras sementes de algodão foram plantadas aqui em 1856, desenvolvendo-se grandemente, a ponto de se pensar na construção de uma Estrada de Ferro para facilitar a exportação do produto. Luiz Matheus Maylasky, o maior comprador de algodão da zona, em 1870, em reunião com próceres sorocabanos, aventou a ideia da fundação da mesma, levando-a a bom termo ao fim de 5 anos. A 10 de julho de 1875, é inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana.

Após o término da guerra, os americanos principiaram novamente as plantações de algodão em quantidade suficiente para exportação, fazendo a matéria-prima brasileira menos procurada. Com a menor exportação e com os preços aviltados, os sorocabanos endinheirados começaram novamente a pensar no aproveitamento local do algodão, e assim Manoel José da Fonseca, em 02 de dezembro de 1882, inaugurou sua Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte, que existe até hoje. Logo, em 1890, apareceram as Fábricas de Santa Rosália e Votorantim, e a seguir muitas outras, tornando Sorocaba uma cidade industrial.

Já na década de 1860 houve uma fábrica de chapéus, do húngaro Antonio Rogich, que perdurou até 1932, quando encerrou sua produção.

A Estrada de Ferro Sorocabana foi também um dos fatores que muito colaborou para o maior desenvolvimento industrial local, tornando-o no que é hoje: um dos maiores Parques Industriais do interior de São Paulo.

O ensino em nossa cidade, vem dos primórdios da fundação, quando os Beneditinos tiveram sua escola de cantochão e Latim, em cumprimento às disposições contratuais da doação de Baltazar Fernandes, que durou até 1805, quando daqui se retirou o último professor da ordem de São Bento.

Com a vinda de D. João para o Brasil, logo em 1812, os sorocabanos pedem uma escola de primeiras letras, que finalmente é concedida e instalada em 1815. Por essa escola passaram mestres como jacinto Heleodoro de Vasconcelos, Gaspar Rodrigues Macedo, Francisco Luiz de Abreu Medeiros, etc. De cerca de 1830 é a primeira escola feminina de primeiras letras, e de cerca de 1830 a primeira cadeira de Latim e Francês, que na época equivalia ao curso secundário, e teve como professor Francisco de Paula Xavier de Toledo. Das escolas secundárias criadas em diversas cidades, apenas Sorocaba conseguiu manter a sua, pelo grande número de alunos que a frequentavam.

Aposentando-se, o professor Xavier de Toledo abriu nova escola Rural, com internato para ambos os sexos, que se tornou famosa em todo o Estado e por onde passaram próceres da política e governança de São Paulo: O colégio do Lageado. Citaremos apenas Júlio Prestes de Albuquerque e Ubaldino do Amaral como seus ex-alunos.

Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, atestado do pioneirismo metalúrgico de Sorocaba em toda a América Latina, após muitas tentativas desde a fundação da cidade, teve êxito total em 12 de novembro de 1818, quando Frederico Luiz Guilherme de Varnhagem fez correr dos altos fornos o metal fundente para formas de três cruzes. Varnhagem viera em 1809 para cá, como auxiliar dos suecos que tentavam a fundação da mesma, sendo elevado a diretor da Fábrica em construção, por carta régia de 27 de setembro de 1814, cargo que ocupou por dez anos. Produziu Ipanema grande quantidade de ferro, principalmente na época da guerra do Paraguai, quando dali saíram materiais bélicos.

Da mesma Real Fábrica do Ipanema saiu um dos maiores sorocabanos: o filho do diretor, ali nascido, Francisco Adolfo de Varnhagem, que passou à posteridade como “O Pai da História do Brasil”.

Sorocaba teve, também, um outro período glorioso quando, em 17 de março de 1842, aqui se fez a Revolução Liberal, em reunião da Câmara Municipal, que aclamou o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar como Presidente da Província de São Paulo, para lutar contra o cerceamento das liberdades e contra duas leis iníquas, votadas pelo Congresso. Ao ser aclamado, o Brigadeiro Tobias de Aguiar faria sua 3ª gestão como Presidente da Província, pois já exercera esse cargo legitimamente, por duas vezes. Em 20 de junho seguinte aqui esteve o insigne Duque de Caxias, que, após vencer a Revolução, partiu daqui para Minas Gerais, que, também se revoltara, conjuntamente com São Paulo.

Desta mesma época, de 5 de fevereiro de 1842, é a lei provincial nº 5, que elevou Sorocaba à categoria de cidade, juntamente com Curitiba, que ainda pertencia a São Paulo, e a Vila de São Carlos, que passou a chamar-se Campinas. A Comarca foi criada em 30 de março de 1871, pela lei provincial nº 39.

Vê-se, por aí, que ciclos distintos marcaram o desenvolvimento da cidade fundada por Baltazar Fernandes. No primeiro ciclo, tivemos o Bandeirantismo, quando os sorocabanos alargaram as fronteiras pátrias para muito além do que previa o Tratado de Tordesilhas.

O segundo ciclo, o do Tropeirismo, foi marcado pelas famosas feiras de Muares, que transformavam a cidade numa verdadeira metrópole pela presença de brasileiros de todos os rincões, que aqui realizavam grandes negócios. O Tropeiro, em suas viagens, propiciou que se criassem cidades em cada pouso e levou nosso nome para todos os pontos da pátria. Também neste ciclo, observa-se o progresso da policultura e o pioneirismo do plantio do algodão.

Num outro ciclo, nota-se a indústria a ocupar lugar de destaque e evidência na economia sorocabana, o que justifica o cognome de “Manchester Paulista“.

Mais tarde, verifica-se um quarto ciclo, o do Ensino, que, embora venha desde a fundação da cidade, apenas em meados do século passado começou a tomar impulso, chegando neste século a grande desenvolvimento, e no momento, Sorocaba conta com escolas de todos os níveis, em número avultado, proporcionando-nos um segundo cognome “Cidade das Escolas e das Indústrias”.

Atualmente, como mais um ciclo que caracteriza sua história, Sorocaba representa um centro comercial em evolução. Ao lado de seu Parque Industrial bastante diversificado, de suas escolas lutando agora por sua Universidade, Sorocaba representa uma cidade em que há grande circulação de riquezas, sendo hoje a quarta cidade em crescimento de arrecadação do Estado.

O modesto conjunto de “Trinta Fogos”, que Salvador Corrêa fez que testemunhassem sua existência, nos idos de 1661, transformou-se na grande cidade de hoje, com lugar de destaque no Estado como no País.

O preço deste progresso é o desaparecimento de alguns costumes típicos que caracterizavam a cidade e o povo, principalmente no sentido folclórico, ganhando o povo e cidade novos hábitos, costumes, e, também, características dos grandes centros urbanos, mas há a preocupação constante de preservar-se, e aumentar a qualidade de vida dos sorocabanos de nascimento ou de coração que aqui vivem.

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